segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

6ª SESSÃO - 29 NOVEMBRO

ALMEIDA GARRETT E O SEU TEMPO



«Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como S. Petersburgo — entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até o quintal.
Eu muitas vezes, nestas sufocadas noites de Estio, viajo até à minha janela para ver uma nesguita de Tejo que está no fim da rua, e me enganar com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos do Cais do Sodré. E nunca escrevi estas minhas viagens nem as suas impressões: pois tinham muito que ver! Foi sempre ambiciosa a minhapena: pobre esoberba, quer assunto mais largo. Pois hei-de dar-lho.
Vou nada menos que a Santarém; e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há-de fazer crónica.» ( Início das VIAGENS NA MINHA TERRA )






ALMEIDA GARRETT

PORTUGAL

        1799: Nasce no Porto.
        Filho de família burguesa(funcionários e “brasileiros”)
        Estadas em quintas da família, contacto com a cultura popular de velhas criadas, origem do “Romanceiro”
        1809 -  Foge aos franceses, para a ilha Terceira (Açores) com os pais.
        Educação escolar clerical, princípios clássicos, com tio paterno, futuro bispo de Angra.
        Com 15 anos: sermão numa festa religiosa, na Graciosa.
        1816 - Adolescente virado para aventuras amorosas. Tio aconselha Coimbra e curso de Direito. Garrett em Coimbra
        Coimbra: estudos e adesão às ideias liberais. Primeiros passos literários: poesia e teatro.
        Lisboa. Chefe da repartição da instrução. Processado por ofensas à moral pelo poema Retrato de Vénus.
        Casa com Luísa Midosi, uma adolescente de 15 anos.
        Primeiro exílio em Inglaterra devido aos confrontos entre Liberais e Absolutistas. Contacta com nova corrente literária, o Romantismo, em oposição ao Classicismo.
        Publicação dos grandes poemas  Camões (1824) e D. Branca (1826), introdutores do Romantismo em Portugal
        Regressa a Portugal, aderindo à CARTA.
        1828: novo exílio, em Inglaterra. Privações e fome.




        1830 – Publica PORTUGAL NA BALANÇA DA EUROPA






        Acompanha D. Pedro como soldado raso e inicia O ARCO DE SANTANA durante o cerco do Porto.
        Ligação com Adelaide  Pastor e nascimento da filha, ilegítima pela impossibilidade de  dissolver o casamento com Luísa Midosi. Drama pessoal, transposto para o Frei Luís de Sousa.
        Missão diplomática em Bruxelas.
        Encarregado de um plano de criação de um Teatro Nacional. Várias peças; 1843 : Frei Luís de Sousa.
        1837: inicia brilhante carreira parlamentar

        1843 – Começa a publicação em folhetins das VIAGENS NA MINHA TERRA (Revista Universal Lisbionense), relato de viagem a Santarém, a casa de Passos Manuel
        1844 – Conhece a Viscondessa da Luz.
        1845 – FOLHAS CAÍDAS, obra-prima da poesia portuguesa do séc XIX
        Nomeado Visconde e par do reino ( para garantir subsistência à filha)
        Ministro dos Negócios Estrangeiros por alguns meses
        9 de Dezembro de 1854: morre em Lisboa, com 55 anos.
        Jaz no Panteão Nacional,  Igreja de Santa Engrácia em Lisboa.

        1799: D. Maria I enlouquece, regência do Infante D. João (Rei  D. João VI, em 1816, quando morre a rainha mãe )
        1807 – Corte portuguesa parte para o Brasil. 1ª invasão francesa (Junot). Roliça e Vimeiro. Convenção de Sintra.
        1809 - 2ª invasão (Soult), Porto e Norte de Portugal.
        1810 – 3ª invasão(Massena) Buçaco. Linhas de Torres Vedras.
        1816 – No Brasil: morre D. Maria I. Sucede D. João VI.
        1817 – Gen. Gomes Freire de Andrade é enforcado (Mártires da Pátria).
        1820 – Revolução liberal.
        Introdução em Portugal da máquina a vapor.
        1822 – Independência do Brasil (grito do Ipiranga…). Primeira Constituição portuguesa.
        Regime constitucionalista vs. Regime absolutista




        1823/24: reacção absolutista com D. Miguel (Vila-Francada e Abrilada). D. Miguel exilado por D. João VI para Viena.
        1824: fundação da Fábrica da Vista Alegre, em Ílhavo, primeiro com vidro e em 1830 com porcelana.
        1826 – Morte de D. João VI. Regência da filha Infanta D. Isabel Maria.
        D. Pedro I outorga a CARTA CONSTITUCIONAL e estabelece uma base de governo que se mostrou irrealista: irmão D. Miguel casaria com D. Maria da Glória(filha de D. Pedro) e seria regente na fidelidade à CARTA.
        1828 - D. Miguel regressa, jura a CARTA mas logo a seguir abjura. Assume-se rei absolutista.
        Confrontos entre Liberais e Absolutistas.
        1832 – D. Pedro abdica no Brasil para o filho D. Pedro de Alcântara e organiza a resistência liberal. Desembarque dos Liberais no Mindelo e ocupam o Porto. Início da guerra civil que vai até 1834.
        Legislação liberal de Mouzinho da Silveira, fim das leis do Antigo Regime.
        1834 – Convenção de Évora-Monte, exílio de D. Miguel.
        Extinção das ordens religiosas masculinas e nacionalização dos seus bens (lei de Joaquim António de Aguiar)
        Morte de D. Pedro IV ( com 36 anos), sobe ao trono a filha, D. Maria II.



        1836 – Setembrismo, regresso ao Vintismo (Constituição de 1838). Governo de Manuel da Silva Passos (Passos Manuel), amigo de A. Garrett


        1842 -  Cabralismo, governo ditatorial

        1851 - Governo constitucional regenerador

        Obras públicas: estradas e caminhos de ferro
        1852: aparecem dois partidos (Histórico e Regenerador), início do chamado “rotativismo”.

        1853: morre D. Maria II




CLASSISSISMO
ROMANTISMO


        Associado ao regime absoluto (poder de origem divina, autoritarismo)

        Predomínio da razão

        Convencionalismo (o aristocrático, o nobre, o padrão social…)

        Geral, universal

        Obediência aos modelos classicos da antiga Grécia e Roma

        O objectivo, o impessoal, as paisagens claras, a natureza amena





        Associado ao regime constitucional (poder vem do povo, divisão dos poderes:
         legislativo, executivo, judicial)

        Predomínio da imaginação, sensibilidade,   
          sentimento

        Afirmação da liberdade, da diferença, do popular genuíno, das tradições do povo

        Particular, individual

        Ruptura com os modelos clássicos, fusão dos géneros literários, liberdade criativa

        O subjectivo, o pessoal, as paisagens “carregadas”, as ruínas…


1 comentário:

  1. Muito boa a linha do tempo,
    acabei recordando das aulas de Literatura e História .
    abraços

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