ALMEIDA GARRETT E O SEU TEMPO
«Que viaje à
roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é
quase tão frio como S. Petersburgo — entende-se. Mas com este clima, com este
ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o
próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse,
ao menos ia até o quintal.
Eu muitas vezes, nestas sufocadas noites de Estio, viajo até à
minha janela para ver uma nesguita de Tejo que está no fim da rua, e me enganar
com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos
do Cais do Sodré. E nunca escrevi estas minhas viagens nem as suas impressões:
pois tinham muito que ver! Foi sempre ambiciosa a minhapena: pobre esoberba,
quer assunto mais largo. Pois hei-de dar-lho.
Vou nada menos que a Santarém; e protesto que de quanto vir e
ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há-de
fazer crónica.» ( Início das VIAGENS NA MINHA TERRA )
ALMEIDA GARRETT
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PORTUGAL
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1799: Nasce no Porto.
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Filho de família burguesa(funcionários e “brasileiros”)
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Estadas em quintas da família, contacto com a cultura popular de
velhas criadas, origem do “Romanceiro”
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1809 - Foge aos
franceses, para a ilha Terceira (Açores) com os pais.
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Educação escolar clerical, princípios clássicos, com tio
paterno, futuro bispo de Angra.
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Com 15 anos: sermão numa festa religiosa, na Graciosa.
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1816 - Adolescente virado para aventuras amorosas. Tio aconselha
Coimbra e curso de Direito. Garrett em Coimbra
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Coimbra: estudos e adesão às ideias liberais. Primeiros passos
literários: poesia e teatro.
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Lisboa. Chefe da repartição da instrução. Processado por ofensas
à moral pelo poema Retrato de Vénus.
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Casa com Luísa Midosi, uma adolescente de 15 anos.
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Primeiro exílio em Inglaterra devido aos confrontos entre
Liberais e Absolutistas. Contacta com nova corrente literária, o Romantismo,
em oposição ao Classicismo.
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Publicação dos grandes poemas
Camões (1824) e D. Branca (1826),
introdutores do Romantismo em Portugal
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Regressa a Portugal, aderindo à CARTA.
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1828: novo exílio, em Inglaterra. Privações e fome.
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1830 – Publica PORTUGAL NA BALANÇA DA EUROPA
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Acompanha D. Pedro como soldado raso e inicia O ARCO DE
SANTANA durante o cerco do Porto.
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Ligação com Adelaide
Pastor e nascimento da filha, ilegítima pela impossibilidade de dissolver o casamento com Luísa Midosi.
Drama pessoal, transposto para o Frei Luís de Sousa.
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Missão diplomática em Bruxelas.
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Encarregado de um plano de criação de um Teatro Nacional. Várias
peças; 1843 : Frei Luís de Sousa.
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1837: inicia brilhante carreira parlamentar
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1843 – Começa a publicação em folhetins das VIAGENS NA
MINHA TERRA (Revista Universal Lisbionense), relato de viagem a
Santarém, a casa de Passos Manuel
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1844 – Conhece a Viscondessa da Luz.
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1845 – FOLHAS CAÍDAS, obra-prima da poesia portuguesa do
séc XIX
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Nomeado Visconde e par do reino ( para garantir subsistência à
filha)
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Ministro dos Negócios Estrangeiros por alguns meses
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9 de Dezembro de 1854: morre em Lisboa, com 55 anos.
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Jaz no Panteão Nacional,
Igreja de Santa Engrácia em Lisboa.
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1799: D. Maria I enlouquece, regência do Infante D. João
(Rei D. João VI, em 1816, quando morre
a rainha mãe )
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1807 – Corte portuguesa parte para o Brasil. 1ª invasão francesa
(Junot). Roliça e Vimeiro. Convenção de Sintra.
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1809 - 2ª invasão (Soult), Porto e Norte de Portugal.
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1810 – 3ª invasão(Massena) Buçaco. Linhas de Torres Vedras.
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1816 – No Brasil: morre D. Maria I. Sucede D. João VI.
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1817 – Gen. Gomes Freire de Andrade é enforcado (Mártires da
Pátria).
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1820 – Revolução liberal.
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Introdução em Portugal da máquina a vapor.
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1822 – Independência do Brasil (grito do Ipiranga…). Primeira
Constituição portuguesa.
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Regime constitucionalista vs. Regime absolutista
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1823/24: reacção absolutista com D. Miguel (Vila-Francada e
Abrilada). D. Miguel exilado por D. João VI para Viena.
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1824: fundação da Fábrica da Vista Alegre, em Ílhavo, primeiro
com vidro e em 1830 com porcelana.
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1826 – Morte de D. João VI. Regência da filha Infanta D. Isabel
Maria.
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D. Pedro I outorga a CARTA CONSTITUCIONAL e estabelece uma base
de governo que se mostrou irrealista: irmão D. Miguel casaria com D. Maria da
Glória(filha de D. Pedro) e seria regente na fidelidade à CARTA.
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1828 - D. Miguel regressa, jura a CARTA mas logo a seguir
abjura. Assume-se rei absolutista.
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Confrontos entre Liberais e Absolutistas.
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1832 – D. Pedro abdica no Brasil para o filho D. Pedro de
Alcântara e organiza a resistência liberal. Desembarque dos Liberais no
Mindelo e ocupam o Porto. Início da guerra civil que vai até 1834.
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Legislação liberal de Mouzinho da Silveira, fim das leis do
Antigo Regime.
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1834 – Convenção de Évora-Monte, exílio de D. Miguel.
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Extinção das ordens religiosas masculinas e nacionalização dos
seus bens (lei de Joaquim António de Aguiar)
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Morte de D. Pedro IV ( com 36 anos), sobe ao trono a filha, D.
Maria II.
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1836 – Setembrismo, regresso ao Vintismo (Constituição de 1838).
Governo de Manuel da Silva Passos (Passos Manuel), amigo de A. Garrett
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1842 - Cabralismo,
governo ditatorial
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1851 - Governo constitucional regenerador
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Obras públicas: estradas e caminhos de ferro
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1852: aparecem dois partidos (Histórico e Regenerador), início
do chamado “rotativismo”.
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1853: morre D. Maria II
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CLASSISSISMO
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ROMANTISMO
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Associado ao regime absoluto (poder de origem divina,
autoritarismo)
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Predomínio da razão
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Convencionalismo (o aristocrático, o nobre, o padrão social…)
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Geral, universal
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Obediência aos modelos classicos da antiga Grécia e Roma
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O objectivo, o impessoal, as paisagens claras, a natureza amena
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Associado ao regime constitucional (poder vem do povo, divisão
dos poderes:
legislativo, executivo, judicial)
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Predomínio da imaginação, sensibilidade,
sentimento
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Afirmação da liberdade, da diferença, do popular genuíno, das
tradições do povo
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Particular, individual
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Ruptura com os modelos clássicos, fusão dos géneros literários,
liberdade criativa
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O subjectivo, o pessoal, as paisagens “carregadas”, as ruínas…
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Muito boa a linha do tempo,
ResponderEliminaracabei recordando das aulas de Literatura e História .
abraços